" Estranho Instrumento "
Meu coração, como uma harpa submersa,
jaz no fundo de que ignorado oceano?
Que estranhas correntes arrancam de suas cordas
sons líquidos e redondos que se perdem côncavos
antes de chegar à tona?...
Que peixes cegos tiram notas imprevistas
e se vão tontos na ondulação do canto que despertam
entre espectros calcários e verdes algas trementes?
Que músicas borbulhantes se agitam, nascidas
de que movimentos sem origens, incognoscíveis,
marcando um tempo morto e imensurável?
Meu coração é como uma harpa submersa,
sem dedos, sem cordas, tocando sozinha
uma canção que desvenda os mistérios da vida
para os peixes ouvirem.
( Poema de JG de Araujo Jorge extraído
do livro " Harpa Submersa " 1a ed. 1952 )
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