Toda vez que escrevo convalesço, estou nascendo
outra vez dentro de mim.
Convalescença
de uma longa enfermidade em que
fiquei paralítico
dentro de mim mesmo.
E de repente, posso andar, posso
sair, - que misterioso médico –
indicou-me a liberdade e
reconciliou-me com a claridade da manhã
e os caminhos que são sinuosos
convites acenando?
Estou descendo invisíveis degraus
de uma branca escadaria
que dá para um grande parque onde
as árvores e os homens dialogam
e brincam como as crianças,
e fazem roda em torno das heras de
velhos poetas
escondendo faunos
nas pupilas de bronze.
A criação é uma convalescença, uma
janela de hospital que se abre,
dois braços que respiram abarcando
o espaço
e dois olhos que começam a cantar
como os pássaros
Estes cantos são apenas o ritmo
elementar da respiração desopressa
o latejar do sangue nas veias, que
arremeda
as águas que estão rolando em
algum lugar do mistério.
Fora da arte e da poesia
a vida é uma longa enfermidade, um
tédio branco
de hospital, sem esperança.
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