Dedicatória...
(1944)
Dedico este
livro aos irmãos da América e
do Mundo,
não importa que cruzem as pernas
nos “pagodes” exóticos
ou sigam a palavra de Confúcio no
templo de papel e de bambu;
que subam aos minaretes, se curvem
beijando a terra,
ou simplesmente se ajoelhem no
palácio de vitrais e incensos;
que dispam a palavra de Cristo de
púrpuras e de ouros,
ou que sigam sem Deus, a
procurá-lo nos livros...
Dedico este meu livro a todos os
irmãos da América e do Mundo,
negros ou
brancos, amarelos ou vermelhos, azuis ou
roxos,
altos ou baixos, gordos ou magros,
louros ou castanhos;
nos que ainda não morreram e aos
que ainda poderão vir;
aos das planícies e dos campos,
aos das florestas e das montanhas,
aos dos gelos e dos desertos,
aos das aldeias e das cidades,
aos dos faróis e aos da solidão,
aos dos navios, dos aviões ou dos
subterrâneos,
a todos os homens, sem a menor
distinção,
basta que creiam ainda na Vida e
em nós mesmos.
Por isso escrevi este livro
como se abrisse uma veia, para o
sangue aliviar o coração;
como se colhesse um fruto para o
desejo inábil;
como se trouxesse água na mão,
para a boca sedenta e empoeirada;
como se escrevesse sem palavras, e
pudesse chegar a todos os ouvidos
e a todas as consciências
sem tradução...
Por isso escrevi este livro. Como
quem acende uma lanterna
para descobrir que não está
perdido...
Não se admirem irmãos, se as suas
letras tiverem a cor do meu sangue,
porque elas são o meu sangue que
vos ofereço,
são uma doação que faço aos que
ainda crêem que vivem,
mesmo aos que não poderão se
refazer,
porque nunca sabemos os que
resistirão...
Que este livro, pois, possa ao
menos ser útil como o sangue,
como o ar, ou como o pão,
e possa prolongar algumas
esperanças
confortar alguns momentos finais
e salvar alguns desesperos...
Que ao menos, chegue a tempo, para
alguns...
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